fbpx

Primeiro molar impactado….Reversível ou irreversível? 

Primeiro molar impactado…o que fazer? Essa situação clínica não é tão comum, mas volta e meia nos deparamos com a impacção do primeiro molar permanente na distal do segundo molar decíduo, principalmente no arco superior. E a grande questão é…o que fazer? O primeiro molar impactado sempre implica na perda do segundo molar decíduo? Devemos aguardar? Devemos intervir com algum dispositivo ortodôntico?

Diagnóstico do primeiro molar impactado

Impacção reversível e irreversível do primeiro molar superior

 

Diagnóstico do primeiro molar impactado

 

primeiro molar impactado
Imagem 01: Esquema ilustrando a rota de irrupção do primeiro molar permanente superior inclinada para mesial.

Nos casos de impacção do primeiro molar permanente, é comum o dente estar inclinado ligeiramente para mesial, ou seja,com sua rota eruptiva alterada (Imagem 01). O diagnóstico definitivo da impacção do primeiro molar permanente será realizado através do diagnóstico clínico e radiográfico. O exame clínico é fundamental e indica um atraso na irrupção do primeiro molar, porém o diagnóstico definitivo da impacção será determinado pelo exame radiográfico, onde será possível identificar a característica da impacção.

Normalmente esse diagnóstico é realizado próximo aos 8 anos de idade, ou seja, é necessário observar um ATRASO literalmente na cronologia de irrupção. Cuidado para não diagnosticar a impacção do primeiro molar permanente aos 5 ou 6 anos de idade pois normalmente nessa idade o molar superior ainda está intra-ósseo e a impacção ainda não está caracterizada. Para que o primeiro molar permanente se encontre impactado ele deve estar “travado” em sua rota irruptiva e isso normalmente acontece quando este se depara com a crista de esmalte do dente decíduo adjacente, caracterizando a impacção. Claro que a idade cronológica não é uma regra, mas posso dizer que talvez em 90% das vezes o diagnóstico da impacção não se dará antes dos 7 anos de idade.

 

Diagnóstico clínico e radiográfico

 

Imagem clinica da impacção do primeiro molar permanente
Imagem 02: Dente 26 impactado na distal do dente 65.

Clinicamente é possível observar somente a porção distal do primeiro molar permanente (Imagem 02).

Através do exame radiográfico é possível observar o primeiro molar impactado no segundo molar decíduo conforme observado o dente 26 na imagem radiográfica (Imagem 03).

Através da radiografia será possível observar:

· A quantidade de reabsorção do segundo molar decíduo

· A inclinação mesial da coroa do Primeiro molar permanente

Essas características irão orientar o prognóstico e a conduta terapêutica.

 

 

 

Imagem 03: Característica radiográfica da impacção do dente 16 na distal do dente 55.

Para ler um pouco mais sobre o diagnóstico da impacção e seus fatores etiológicos confira o texto sobre “Impacção do Primeiro Molar permanente”

Impacção reversível e irreversível do primeiro molar superior

A impacção do primeiro molar permanente pode ser classificada em Reversível ou Irreversível .

Impacção Reversível

Imagem 04 – Impacção reversível do dente 16.

As impacções reversíveis são aquelas onde há correção espontânea da rota irruptiva do primeiro molar permanente, mesmo após a reabsorção parcial do segundo molar decíduo.

A literatura apresenta que cerca de 60 a 70% das impacções são REVERSÍVEIS. Sendo que a autocorreção ocorre normalmente até os 7 anos de idade , ou seja, normalmente no primeiro período transitório.É comum o clínico observar a impacção reversível em uma radiografia de rotina, onde é possível observar a reabsorção da porção distal do segundo molar decíduo e o primeiro molar já irrompido. Na imagem 04 é possível observar a reabsorção distal do dente 55 e o dente 16 já irrompido, indicando a impacção reversível do mesmo, já que o paciente não utilizou nenhum dispositivo ortodôntico para correção.

A verticalização espontânea do Primeiro molar permanente vai depender principalmente de sua inclinação mesial intra-óssea. Portanto, diante da impacção com característica de impacção reversível, o profissional deve acompanhar clinicamente o caso com radiografias interproximais ou periapicais a cada 3 ou 6 meses se necessário.

Durante o primeiro acompanhamento o profissional pode estar diante de três diferentes situações clínicas:

Irrupção por completo do primeiro molar permanente.

Neste caso o profissional deve continuar seu acompanhamento clínico e ações preventivas para controle da doença cárie.

 

Irrupção parcial do primeiro molar permanente.

Caso o primeiro molar não tenha irrompido por completo, o clínico deve avaliar radiograficamente a inclinação do dente em questão. Quando o primeiro molar permanente apresentar verticalização no sentido de corrigir sua rota irruptiva, mesmo não irrompendo, o clínico deve continuar seu acompanhamento por mais 3 ou 6 meses.

Sem alteração na rota irruptiva do primeiro molar.

Caso após a avaliação radiográfica dos primeiros seis meses o primeiro molar continue impactado com sua inclinação mesial, o tratamento interceptivo está indicado. A não realização do tratamento precoce pode implicar em perda do segundo molar decíduo e migração mesial do primeiro molar permanente, comprometendo o espaço para irrupção do segundo pré-molar superior.

Impacção Irreversível

Nos casos de impacção irreversível, o dente permanece impactado até ocorrer a esfoliação do segundo molar decíduo, caso não ocorra a intervenção ortodôntica.bHá diversas manobras clínicas para verticalização dos molares impactados, sendo que o tipo de mecânica utilizada deve ser definido de acordo com a experiência do profissional, o estágio de reabsorção do dente decíduo e a ancoragem disponível, podendo utilizar dispositivos fixos ou removíveis.

Imagem 05: Figura retirada do artigo de Barberia-Leache et al., Angle Orthod. 2005.

Barberia Leche et al. , através de um estudo retrospectivo, buscou avaliar as características que poderiam indicar uma impacção reversível ou irreversível. Diante do diagnóstico, os autores classificaram a impacção do primeiro molar permanente em diferentes estágios de acordo com a reabsorção do segundo molar decíduo. O estudo concluiu que quando a reabsorção do segundo molar decíduo compromete cemento ou dentina, sem comprometimento pulpar, há maior probabilidade de ser uma impacção reversível.

Contudo, caso a imagem radiográfica apresenta reabsorção do segundo molar decíduo com comprometimento pulpar ou comprometimento da raiz mesial, a probabilidade maior é a impacção ser irreversível (Figura 08). Apesar dos resultados encontrados pelos autores, os mesmos ressaltam que houve variabilidade entre os resultados, indicando que mesmo diante de reabsorção severa do segundo molar decíduo, o primeiro molar pode corrigir sua rota espontaneamente e vice-versa.

Ficou um pouco mais claro? Para entender um pouquinho melhor o que define a impacção do primeiro molar permanente, sugiro a leitura desse outro post de blog.

E para entender um pouco sobre os tipos de aparelhos ortodônticos para correção da impacção, segue aqui uma outra sugestão de leitura.

Aproveito para deixar aqui um fluxograma para te orientar no diagnóstico diante de primeiros molares impactados. Para baixar é só preencher o formulário abaixo.

Bom, espero que agora tenha ficado claro que a impacção do primeiro molar permanente pode ter vários desdobramentos e tudo irá depender do diagnóstico. É o que eu sempre falo, o diagnóstico é um dos pilares para o sucesso do tratamento ortodôntico interceptativo e este deve ser o primeiro pilar a ser estruturado ao pensar em ser um grande profissional.

Ortodontia e ortopedia na infância

Juliana Pereira Andriani

Especialista em Ortodontia e Ortopedia dos Maxilares – UFSC
Mestre em Ortodontia – UFSC
Doutoranda em Odontologia – UFSC
Ortodontista clínica – Integre Odontologia – Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia – ABCD/Florianopólis
Profa. Ortodontia e Ortopedia Academia da Odontologia
Founder Academia da Odontologia
×